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Represa do Barro Preto é denominada de Luiz Beraldo


De autoria da vereadora Mariana Fleury Tamiazo (Cidadania), foi aprovado por unanimidade nesta terça-feira (22), o  Projeto de Lei nº 50/2021, onde denomina de "Luiz Beraldo”, a Represa do Barro Preto. Represa localizada na avenida Barro Preto, Água Branca - Cordeirópolis.

 

Luiz Beraldo

Luiz Beraldo nasceu em 10 de Maio de 1921 no município de Santa Gertrudes.  Seu pai, Manoel Beraldo, era de nacionalidade italiana, casado com Pierina Carron, brasileira, também filha de italianos que aportaram no Brasil durante aa Imigração Italiana, na segunda metade do século 19. 

Manoel (Maneco)  e Pierina,  foram pais de oito filhos,   Antonio, Luizito, Mario, Pedro, Natalina, Olga, Maria (Mariquinha) e Catarina, que formavam uma laboriosa família unida e feliz.

Luizito, carinhoso apelido recebido na sua infância, foi o nome que o identificou durante toda sua trajetória.  Mudou-se para Cordeirópolis ainda menino, na esteira das atividades empreendedoras de sua família, adquirindo grande experiencia na indústria cerâmica, entre outros negócios capitaneados pelo seu pai, Manoel.

Em 31 em 31 de dezembro de 1944, casou-se com Dirce de Melo, que havia se mudado de Itirapina para Cordeiro quando adolescente, indo morar na casa de uma de suas primas cujo marido trabalhava na Companhia Paulista de Estradas de Ferro que já residia na cidade. 

Luizito e Dirce tiveram quatro filhos, Silvia, Vagner, Valdir e Valcir.

            Luizito, pelo conhecimento adquirido nos processos do segmento ceramista, foi convidado, em meados dos anos 50, a liderar a instalação de uma cerâmica no estado do Rio de Janeiro, em uma rica fazenda no município de Itaboraí. Pouco depois, em 1957, foi convidado para a instalação de outra cerâmica, desta vez no então futuro Distrito Federal, no estado de Goiás.

Referente à sua missão em terras fluminenses, descrevia com orgulho sua estadia na então Capital Federal, no auge da culturalmente agitada Cinelândia.

Quanto à missão de montagem da cerâmica na região onde viria a ser fundado o Distrito Federal e a Capital Brasília, contava ele orgulhosamente sua estadia em um ambiente ainda inóspito dos cerrados goianos, alojado em acampamento, dormindo em barracas de lona e vivendo o clima desbravador que se respirava na época.

Lembrava que, nos alicerces do então Palácio Provisório do Governo Federal, construído antes de Brasília (o Catetinho), estavam (e ainda hoje estão) assentados tijolos fabricados sob sua gestão, possivelmente os primeiros tijolos fabricados naquele local. Consta-se que um desses primeiros tijolos foi apresentado ao então Presidente Juscelino Kubitschek em uma de suas visitas à futura capital.

Descrevia em riqueza de detalhes sua memorável viagem aérea de São Paulo para aquela região naquele longínquo 1957, pela então Real Linhas Aéreas, num charmoso e glamoroso bimotor C-47 (o então chamado Jeep do ar), que foi obrigado a um pouso forçado em Anápolis, devido à uma pane em um dos motores.  O giro das hélices, paralisado pelo afrouxamento dos parafusos de fixação, foi desesperadamente denunciado por um passageiro, com sotaque espanhol: aquele motor está parado!!!  Não é difícil imaginar o pânico geral que de imediato se instalou na cabine.

A referência à gritaria de pânico, em meio às preces desesperadamente feitas pelos passageiros  aterrorizados com o perigo, pontuavam sua narrativa.  O ocorrido obrigou o piloto, a heroicamente proceder um forçado e desajeitado pouso com um só motor, sendo efusivamente aplaudido.

O tal motor, disse Luizito, foi então reparado para retomar à viagem, mas na sua avaliação, com muita desconfiança quanto à segurança da manutenção, já que ele assistira à operação através da janelinha do C-47, que na época era equipada com cortinas de tecido.  Boa parte dos passageiros não tiveram, por motivos óbvios, coragem para continuar no mesmo voo até Goiânia, preferindo enfrentar o provavelmente empoeirado trajeto por terra.

Nessa época, já desligado das atividades ceramistas, havia montado um modesto posto de gasolina (Esso Standard do Brasil). O Posto Céu Azul, em sociedade com seu irmão Antonio Beraldo (Toninho), ficava na Rua 7 de Setembro, entre a Toledo de Barros e Treze de Maio, tendo uma única bomba de gasolina instalada junto à calçada da rua.

 Entre a variedade de artigos automotivos e utilidades vendidos em sua loja, podia-se encontrar um famoso fogão a querosene, o Fogão Jacaré, novidade tecnológica desenvolvida numa época em que os fogões a gás ainda não estavam consolidados no mercado. 

Em 1958, o Posto Céu Azul mudou-se para um novo prédio construído na esquina entre as ruas 7 de Setembro e Guilherme Krauter, em um terreno que era usado como depósito de argila para a cerâmica da família, instalada naquele quarteirão. O novo “conjunto predial”, abrigava além das instalações do posto, um empório e uma cancha de bochas, que fervilhava nos finais de semana, em animados campeonatos.

Luizito entrou para a política de Cordeirópolis, elegendo-se vereador em 1957, após a sua ativa participação no processo de emancipação do munícipio da cidade de Limeira, ocorrida em 24 de dezembro de 1948.

            Em 1961, elegeu-se vice-prefeito na gestão de Dr. Cassio de Freitas Levy. Em 1965, ele próprio se elegeu prefeito. Ainda contribuiu com o desenvolvimento do Município com mais dois mandatos de vereador, entre os anos de 1969 e 1972.

Durante sua gestão, ressalta-se o grande esforço na direção de garantir abastecimento de água para a cidade, então vítima da escassez recorrente deste bem.  As ações nesse sentido, foram direcionadas em três vertentes: a busca da água subterrânea, pela perfuração de poços artesianos em vários pontos da cidade, a construção de uma adutora da represa do Cascalho até Cordeirópolis e a construção de três novas represas. Costumava ilustrar a vantagem do aproveitamento da força da gravidade para facilitar o escoamento por diferença de altitudes entre o nível da represa do Cascalho e o nível do centro da cidade.

Sempre foi um visionário. Desde jovem, ao transitar pela estrada do Barro Preto, observava que em épocas de muita chuva, eram constantes os alagamentos no local em que a estrada cruzava com o Ribeirão Tatu. Ele já considerava naquela época uma boa ideia, em um dia futuro, alguém elevar o leito da estrada visando represar as águas naquele vale.

Muitos anos depois, em 1967, já na cadeira de prefeito, recebeu em visita o gerente local da Fábrica de Papel Papirus (Grupo Ramenzoni), Sr. Luigi, trazendo planos de ampliação da capacidade produtiva de papel e, juntamente com ela, mais empregos. Porém, a água disponibilizada pela pequena represa contígua à fábrica não garantia o atendimento da demanda adicional, o que os levou à busca de uma solução, junto à prefeitura. 

 Foi nesse momento que Luizito revisitou a sua ideia de outrora, de construir a Represa do Barro Preto, assim batizada precocemente, que, não só atenderia à demanda industrial, como também ofereceria uma garantia adicional para abastecimento do município como um todo, colocando em prática as ações necessárias para a concretização de seu sonho. Sua visão de aproveitamento da água para a cidade se materializou em 2014, quando a região passou por uma  severa crise  hídrica , e se improvisou o escoamento emergencial de água da Represa do Barro Preto para o tratamento e distribuição na cidade. 

Comentou algumas vezes sobre a sua emoção e orgulho quando visitava a obra, ao ver a intensa movimentação dos caminhões, das moto-niveladoras, “scrapers” e das pás-carregadeiras num frenético vai e vem em meio a uma densa nuvem de poeira, movimentando terra e elevando o nível da barragem.

Idealizou a construção de uma ilha artificial no meio da represa, onde se previa instalações de uma estrutura  de lazer para a população, com pontos para pescaria, passeios de pedalinhos e um bar, restaurante  ou pizzaria, etc,  ideia que infelizmente não avançou, restando hoje apenas a ilha tomada pela vegetação.

A Represa do Barro Preto, foi inaugurada em 1968 com muita festa, com direito a banho de represa para os políticos, convidados e a população em geral, que festejava o evento.

Nos anos que se seguiram, a represa foi destino de banhistas de toda a região, principalmente nos finais de semana, onde dezenas de pessoas aproveitavam, em meio a vendedores ambulantes, o sol e a praia artificial que fora construída na margem esquerda da represa, oposta à estrada.

A represa foi, por algum tempo, uma ótima opção de lazer para o município, até ir se tornando degradada e muito assoreada.  Luizito testemunhou esse cenário em 2020, meses antes de seu falecimento, quando visitou a represa. 

  Oxalá, um plano de revitalização possa vir a ser implementado algum dia, trazendo de volta o encanto que esse local já teve no passado.

 

As sessões ordinárias, sessões solenes, audiências públicas e demais eventos institucionais da Casa podem ser acompanhados, ao vivo, pelo site www.camaracordeiropolis.sp.gov.br ou através da rádio FM 106,3.


Publicado em: 22 de junho de 2021

Publicado por: Assessoria Imprensa Câmara Municipal

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Categoria: Notícias da Câmara

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